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quinta-feira, 15 de março de 2012
Sobre fumaça e bons ventos - I
Por André Custódio, de Sevilha.
A saudade do Brasil me faz escrever em primeira pessoa. Não só por isso, mas também por preguiça e vontade de usar palavras como bonitinho e... Tchê!!! Ah... Também preciso dizer que enquanto escrevia tive que parar para ir ao mercado que aqui como diz o cartaz fecha pontualmente às 21 horas. Qualquer incoerência a culpa é do super.
Cheguei aqui com boa dose de precaução pela desterritorialização e também por um suposto eurocentrismo que nos coloca na condição (sempre?) de colonizados ou possíveis imigrantes. Eu já estava preparado para viver uma vida despersonalizada, sem história, sem currículo, sem glamour e todas essas coisas valiosas que construímos no país onde nascemos e vivemos. Também não esperava a menor atenção ou interesse sobre o que fazemos ou quem somos.
Claro que na universidade é bem diferente, mas me refiro às pessoas que, por causalidade ou ironia do destino, acabamos conversando nas ruas, no mercado, na farmácia, no taxi, no ônibus, na academia e em todos os lugares que freqüentamos habitualmente para sobreviver.
Freqüentemente é comum ouvir o seguinte monólogo:
- Ah... de Brasil!!!
- ¿Hay mucho trabajo no?
- Después de Lula todo bien... es un buen hombre.
- ¿Como esta Dilma?
E respondo que ela está ótima como se fosse uma amiga próxima que está a governar o país. É possível prolongar esta conversa (normalmente evito) que vai desaguar nas possibilidades para os espanhóis trabalharem no Brasil. Por isso, não me impressiona a implementação das regras de reciprocidade pelo governo brasileiro a partir do mês de abril para os espanhóis que pretendam ingressar no país. Embora ainda a ache desnecessária.
Quero dizer que o simples fato de ser brasileiro causa interesse e curiosidade. Não há lugar neste país em que a recepção não seja calorosa (e espero que continue assim). A admiração pelos governantes brasileiros é impressionante. Até mesmo quem acha que a capital do país é São Paulo ou Rio de Janeiro – e são muitos; tem informações sobre os governantes brasileiros e, em regra, uma avaliação positiva e simpática. (Mais simpático só um taxista em Buenos Aires que propôs um casamento entre Lula e Cristina Kirchner. Ficou desapontadíssimo quando soube que ele já era casado.)
Não sei o que o governo brasileiro fez nos últimos anos em termos de relações internacionais, mas indubitavelmente deu certo.
(continua...)
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Quando viajamos no ano passado por Espanha e Itália ouvi muito isso também.
ResponderExcluirUm italiano que passava e gentilmente me levou até a fantástica Fontana di Trevi me disse que o problema da Itália (ainda sob Berlusconi) era não ter uma esquerda respeitada e unida e um líder de esquerda como o Presidente Lula.